SEÇÃO
Anais do V ERECIN N/NE
REBECIN, edição especial, p. 01-31, abr. 2024.
“Cada um no seu quadrado”: o desperdício das competências em
informação dos professores
“Each one in his square”: the waste of teachers’ information skills
“Cada uno en su cuadrado”: el derroche de las habilidades
informativas de los docentes
Joselito Manoel de Jesus
Universidade Federal da Bahia, Brasil
joselitojoze@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-6323-5101
Fernanda Maria Melo Alves
Universidade Federal da Bahia, Brasil
fmeloa2@hotmail.com
https://orcid.org/0000-0002-8396-4053
Licença:
Como citar este artigo:
JESUS, Joselito Manoel; ALVES, Fernanda Maria Melo. “Cada um no
seu quadrado”: o desperdício das competências em informação dos
professores. REBECIN, São Paulo, abr. p. 1-31. 2024. Edição especial.
Trabalho apresentado no 5° Encontro Regional Norte-Nordeste de
Educação em Ciência da Informação, 2023, [Salvador, BA].
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo identificar e refletir sobre as
competências em informação dos professores dos colegiados de
licenciatura em Geografia dos departamentos da Universidade do
Estado da Bahia, na sua prática docente. Para atingir os objetivos
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definidos, a pesquisa é bibliográfica, descritiva e qualitativa. A coleta de
fontes bibliográficas efetuou-se no Portal de Periódicos da CAPES e na
Base de Dados em Ciência da Informação, através dos descritores
“competências em informação”, colegiado” e “docência”, permitindo
selecionar referencial teórico pertinente. Utiliza a teoria da complexidade
para sistematizar suas reflexões de modo a trabalhar a incorporação
inteligente dos antagonismos na produção e na criação na qual as
competências em informação têm importância fundamental. Para obter
informação sobre as práticas docentes, aplicou-se uma entrevista
semiestruturada a 5 professores do Colegiado de Licenciatura em
Geografia do DCH IV. Depois de lidas as respectivas contribuições,
aplicou-se a análise de conteúdo, sistematizando-se em unidades de
registro e classificando-as em unidades de sentido, elaborando-se as
inferências. Para manter o anonimato dos entrevistados utilizou-se a
simples numeração de 1 a 5. Os resultados apontam para práticas
individuais e desperdício de potencialidades que poderiam ser
aproveitadas se houvesse uma retroação permanente do colegiado
como todo, em que os professores, as partes, utilizassem as suas
competências em informação para o revitalizar, desenvolvendo
sistematicamente estratégias articuladas.
Palavras-Chave: Competências em Informação. Retroação. Recursão.
Produção-de-si.
ABSTRACT
This work aims to identify and reflect on the information competencies of
the teachers of the undergraduate colleges in geography of the
departments of the State University of Bahia, in their teaching practice.
To achieve the defined objectives, the research is bibliographic,
exploratory, descriptive and qualitative. The collection of bibliographical
sources was carried out in the Portal of Periodicals of CAPES and in the
Database on Information Science, through the descriptors "information
competences", "collegiate" and "teaching", allowing the selection of
pertinent theoretical referential. The complexity theory is used to
systematize his reflections in order to work on the intelligent
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incorporation of antagonisms in production and creation in which
information skills are of fundamental importance. To obtain information
about teaching practices, a semi-structured interview was applied to 5
professors of the Collegiate of Degree in Geography of the DCH IV. After
reading the respective contributions, content analysis was applied,
systematizing them into registration units and classifying them into
meaning units. To maintain the anonymity of the interviewees, the simple
numbering from 1 to 5 was used. The results point to individual practices
and waste of potentialities, which could be used if there was a
permanent feedback of the collegiate as a whole, in which teachers, the
parts, used their skills in information to revitalize it, systematically
developing articulated strategies.
Keywords: Information Skills. Feedback. Recursion. Self-production.
RESUMEN
El objetivo de este trabajo es identificar y reflexionar sobre las
competencias informacionales de los profesores de la carrera de grado
en geografía de los departamentos de la Universidad del Estado de
Bahía, en su práctica docente. Para lograr los objetivos definidos, la
investigación es bibliográfica, exploratoria, descriptiva y cualitativa. La
recolección de fuentes bibliográficas se realizó en el Portal de Periódicos
de la CAPES y en la Base de Datos de Ciencias de la Información, a
través de los descriptores “habilidades de información”, colegiado” y
“docencia”, lo que permitió la selección de un referencial teórico
pertinente. Utiliza la teoría de la complejidad para sistematizar sus
reflexiones con el fin de trabajar la incorporación inteligente de los
antagonismos en la producción y la creación en la que las habilidades
informacionales tienen una importancia fundamental. Para obtener
información sobre las prácticas docentes se aplicó una entrevista
semiestructurada a 5 docentes de la Grado Colegiado en Geografía de
la DCH IV. Luego de la lectura de los respectivos aportes, se aplicó el
análisis de contenido, sistematizándolos en unidades de registro y
clasificándolos en unidades de significado. Para mantener el anonimato
de los entrevistados, se utilizó la numeración simple del 1 al 5. Los
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resultados apuntan a prácticas individuales y derroche de potencial, que
podría ser aprovechado si existiera una retroacción permanente del
conjunto colegiado, en la que los docentes, las partes, utilizan sus
habilidades informacionales para revitalizarla desarrollando
sistemáticamente estrategias articuladas.
Palabras clave: Competencias en información. Retroación. Recursión.
Autoproducción.
1 INTRODUÇÃO
O termo “cada um no seu quadrado” aparece repetidas vezes para
referir-se ao trabalho isolado dos professores nos colegiados de
Licenciatura em Geografia de três departamentos da Universidade do
Estado da Bahia (UNEB), ao mesmo tempo que aponta para os dilemas
docentes e a dificuldade da prática educativa em grupo disciplinada na
formação dos professores.
Essa situação revela a dificuldade de interação entre os
professores e seus efeitos no planejamento das atividades docentes,
repercutindo em suas competências em informação, desperdiçadas em
todo o processo de formação inicial dos professores nas licenciaturas.
Com uma relação precária entre o colegiado do curso, considerado
como um todo, e seus professores, suas partes, a práxis organizacional
do colegiado não aproveita estrategicamente as suas potencialidades e
os antagonismos e reduz sua eficiência.
Parte-se da perspectiva de que todo ser produz um si e para isso
desenvolve sua práxis organizacional para manter sua existência,
através de processos retroativos e recursivos, reorganizando a
desorganização, provocada pela sua própria organização nas inter-
relações entre suas partes entre si, do todo com suas partes e entre
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esse sistema e os demais sistemas, que compõem o ecossistema
educacional, que constitui e o constitui, em fluxos permanentes entre
circuitos que se formam, se deformam e se transformam
incessantemente.
Se cada professor fica “em seu quadrado”, isolado do todo, sem
integrar o fluxo organizacional necessário à produção-de-si de cada
colegiado, as possibilidades de identificação dos problemas que o
afetam são reduzidas, e as necessidades de informação são
dispersadas nas demandas individuais, suas competências em
informação não se desenvolvem e acabam por aumentar a entropia do
sistema, com prejuízos para a formação de professores nas
licenciaturas.
Desse modo, no predomínio do individualismo as competências
em informação dos professores não encontram condições para
orientarem as decisões e produzirem inovações, ficando restritas a
iniciativas individuais e parcerias em “pequenos nichos” de professores,
como demonstram as entrevistas realizadas.
Este trabalho tem como objetivo identificar e refletir sobre as
competências em informação dos professores da Licenciatura em
Geografia de três departamentos da Universidade do Estado da Bahia
(UNEB) no trabalho docente, bem como verificar o funcionamento dos
procedimentos do seu colegiado e as relações interpessoais dos seus
membros.
Oriundos das entrevistas aos professores de Geografia, os
resultados apontam para práticas individuais e desperdício de
potencialidades, que poderiam ser aproveitadas se houvesse uma
retroação permanente do colegiado como todo, em que os professores,
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as partes, utilizassem as suas competências em informação para o
revitalizar, desenvolvendo sistematicamente estratégias articuladas.
2 REVISÃO DE LITERATURA
A importância do Ensino Superior justifica a realização, de 10 em
10 anos, das Conferências Mundiais sobre o Ensino Superior (CMES),
que se caracterizam por ser espaços de reunião de todos os envolvidos
nesta área, ministros, especialistas, funcionários públicos e decisores
políticos, para debater a evolução e as tendências do ensino superior a
nível mundial e decidir sobre princípios orientadores comuns, que
incentivem os Estados nacionais a implementar ações, habitualmente
plasmadas em documentos. Pela sua importância a nível mundial e por
serem marcos para a construção de um novo paradigma para o ensino
superior, apresentam-se as CMES de 1998, de 2009 e de 2022.
A I CMES realizou-se em 1998, num contexto de forte influência
das recomendações das agências multilaterais de financiamento, em
particular do Banco Mundial, com o desenvolvimento de políticas de
incentivo à privatização do ensino superior. No preâmbulo da
Declaração final intitulada Declaração Mundial sobre Educação Superior
no Século XXI: Visão e Ação (UNESCO, 1998) define-se que:
A Educação Superior compreende todo o tipo de estudos,
treinamento ou formação para pesquisa em nível pós-secundário,
oferecido por universidades ou outros estabelecimentos educacionais
aprovados como instituições de Educação Superior pelas autoridades
competentes do Estado (UNESCO, 1998, p. 1).
O documento enfatiza o direito à educação consagrado na
Declaração Universal dos Direitos do Homem e, em particular, o Artigo
26 do §1, no qual se declara que ”toda pessoa tem o direito à educação”
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e que “a educação superior deverá ser igualmente acessível a todos
com base no respectivo mérito”, endossando os princípios básicos da
Convenção contra Discriminação em Educação (1960), a qual, através
do Artigo 4º compromete os Estados Membros a ”tornar a educação
superior igualmente acessível a todos segundo sua capacidade
individual”. E reconhece a importância estratégica do ensino superior na
sociedade contemporânea, considerando o fosso cada vez maior no
acesso ao ensino superior entre os países industrialmente
desenvolvidos, os países em desenvolvimento e, em particular, os
países pobres.
Afirma que a missão do Educação Superior é produzir diplomados
altamente qualificados e cidadãos responsáveis e constituir um espaço
aberto para o ensino superior e a aprendizagem ao longo da vida, e que
as instituições deste nível de formação devem exercer diversas funções,
a saber: ética, autonomia, responsabilidade e preventiva.
O mesmo documento refere a nova visão do ensino superior,
através de uma série de princípios entre os quais se sobressaem: a
igualdade de acesso e o reforço da participação e promoção do acesso
das mulheres; a promoção do saber mediante a investigação na ciência,
na arte e nas ciências humanas e a divulgação de seus resultados; a
orientação de longo prazo baseada na relevância da educação superior;
o reforço da cooperação com o mundo do trabalho, analisar e prevenir
as necessidades da sociedade; a diversificação como forma de ampliar
a igualdade de oportunidades; as aproximações educacionais
inovadoras: pensamento crítico e criatividade; e o pessoal de educação
superior e estudantes como agentes principais.
Para a concretização da nova visão do ensino superior,
apresentam-se uma série de ações inovadoras, a saber: a avaliação da
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qualidade; o potencial e o desafio de tecnologia; o reforço da gestão e o
financiamento da educação superior; o financiamento da educação
superior como serviço público; o compartilhamento de conhecimentos
teóricos e práticos entre países e continentes; a “perda de quadros” ao
“ganho de talentos” científicos; e as parcerias e alianças.
Neste contexto, a organização defende que a solução dos
problemas do limiar do século XXI será determinada por uma amplitude
de perspectivas na visão da sociedade do futuro e pela função que se
determine à educação em geral e à educação superior em particular, e
que a educação superior deve fazer prevalecer os valores e ideais de
uma cultura de paz, e que há de mobilizar-se a comunidade
internacional para este fim (GARCIA; LAMARA, 2023).
Em 2009, teve lugar a II CMES, sob o tema As Novas Dinâmicas
do Ensino Superior e da Investigação para a Mudança Social e o
Desenvolvimento, num clima de crise econômica global. Diferentemente
da anterior, não se emitiu uma declaração, mas sim um comunicado
(UNESCO, 2009), em que se faz um balanço do período entre as duas
conferências. A introdução do comunicado afirma que
Nunca na história foi tão importante investir na educação superior
como força maior na construção de uma sociedade inclusiva e de
conhecimento diversificado, além de avançar em investigação, inovação
e criatividade.
A partir das reflexões dos participantes, assinala-se que a década
anterior tinha demonstrado que a investigação e o ensino superior
contribuem para a erradicação da pobreza, para o desenvolvimento
sustentável e para o progresso, atingindo as metas internacionais de
desenvolvimento, em articulação com as estabelecidas nos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio e em Educação para Todos.
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O comunicado da conferência centra-se em diversos tema como a
responsabilidade social da educação superior; o acesso, igualdade e
qualidade; a internacionalização, regionalização e globalização; o
ensino, investigação e inovação; e a educação superior em África.
Como é habitual neste tipo de documento, apresentam-se linhas
para a concretização dos temas indicados, denominados “convite à
ação”, que permitem ao ensino superior e à investigação responder
melhor às novas dinâmicas e moldar a agenda para o desenvolvimento
de políticas e instituições de ensino superior. Por um lado, os Estados
Membros, que trabalham com os investidores, devem desenvolver
políticas e estratégias em níveis de sistema e institucional; e, por outro
lado, a própria UNESCO, no contexto do progresso significativo, de
acordo com a Educação Básica Universal, deve reafirmar a prioridade
no ensino superior em seus programas e orçamentos futuros.
O evento proporcionou uma plataforma global para o debate e
análise prospetiva do ensino superior e da investigação, dos quais
resultaram orientações para a consolidação de mercados nacionais e
transnacionais de Educação Superior, tais como: a diversificação do
sistema educacional e dos meios de seu financiamento; o papel central
da aprendizagem a distância, por meio das novas tecnologias, a fim de
atender à demanda crescente pelo Ensino Superior; o estímulo de
sistemas de avaliação de qualidade, de credenciamento e validação de
diplomas; a flexibilidade da investigação, objetivando o equilíbrio entre a
básica e a aplicada ao serviço da sociedade; e a procura de novos
meios de expandir o campo da pesquisa e inovação por meio de
parcerias público-privadas, de multi-parcerias, no qual se incluem
pequenas e médias empresas.
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O comunicado reafirma o princípio proclamado pela I CMES de
1998, de que o ensino superior é um bem público e um imperativo
estratégico para todos os níveis de ensino e a base para a investigação,
a inovação e a criatividade; a importância do ensino superior e da
investigação para enfrentar os desafios globais e construir economias
baseadas no conhecimento mais inclusivas, equitativas e sustentáveis; e
o reconhecimento explícito da responsabilidade social de todos os
setores da sociedade pelo ensino superior, mas especialmente dos
governos.
A III Conferência Mundial sobre o Ensino Superior, que deveria ter
sido realizada em 2020, teve de ser adiada para 2021 e depois para
2022, devido à pandemia. Contrariamente às anteriores, que se realizam
na sede da UNESCO em Paris, os trabalhos desta conferência tiveram
lugar em Barcelona, e a participação no evento foi restringida e
controlado, respeitando as restrições de mobilidade mundial.
Subordinada ao tema Para além das fronteiras: novas formas de
reinventar o ensino superior, a agenda III CMES foi estabelecida em
torno dos seguintes temas: o ensino superior e os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS); a inclusão, a qualidade e a
relevância dos programas, a governação, o financiamento e o futuro do
ensino superior.
A reunião terminou com a apresentação de um roteiro para o
ensino superior, elaborado por um Grupo de Especialistas Técnicos,
aberto a melhorias e contribuições, a partir das quais se iria obter uma
versão final para a seguinte reunião de coordenação do ODS4, também
em 2022. O documento baseia-se num diagnóstico de que o ensino
superior sofreu mudanças substanciais desde a II CMES, e faz um
levantamento de algumas ameaças contextuais: as alterações climáticas
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e a perda de biodiversidade; a persistência de conflitos armados; a
desigualdade de rendimentos, um grande desafio para as sociedades
humanas; e o declínio geral da democracia.
Além disso, identifica as seguintes características do ensino
superior à época: a expansão com disparidades persistentes; a questão
da continuidade dos estudos e da conclusão em vez do acesso; o papel
fundamental das novas tecnologias; as mudanças nas abordagens de
financiamento devido ao financiamento estatal insuficiente; e o forte
impacto da Covid-19, incluindo as queixas sobre o fosso digital e a falta
de preparação para a aprendizagem em linha, que aumentaram as
disparidades educativas em algumas regiões e criaram uma aguda
agitação social, especialmente entre os estudantes vulneráveis.
O mesmo documento estabelece a visão da UNESCO sobre o
ensino superior, ao afirmar que "A educação é um direito a ser exercido
ao longo de todo o ciclo de vida e engloba diferentes formas de
satisfazer as necessidades educativas de jovens e adultos, incluindo o
ensino superior", considerando a oferta de ensino superior uma
atividade cujo objetivo é promover a equidade e a distribuição igualitária
de oportunidades, e que as instituições de ensino superior devem
orientar-se por aspectos contemporâneos prioritários, como a
desigualdade e a sustentabilidade.
O roteiro, tal como indica o seu título, propõe reinventar o ensino
superior a nível regional e mundial, através de seis princípios, alinhados
com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030, sob a
forma de um novo contrato social, e que são: inclusão, equidade e
pluralismo; liberdade acadêmica e participação de todas as partes
interessadas; investigação, pensamento crítico e criatividade;
integridade e ética; compromisso com a sustentabilidade e a
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responsabilidade social; e excelência através da cooperação e não da
concorrência. Para alcançar os objetivos enunciados, estabelece-se o
seguinte calendário global:
2022: divulgação dos resultados da III Conferência Mundial
sobre o Ensino Superior e promoção do diálogo nacional,
regional e global; divulgação da versão atualizada do roteiro
no início de 2023.
Entre 2022 e 2024: concretização de iniciativa intersetorial do
ensino superior para monitorizar os progressos realizados na
consecução das metas do ensino superior em relação aos
ODS e começar a construir um propósito mais renovado para
2050.
Entre 2023 e 2026: recolha de dados e monitorização dos
objetivos do ensino superior e desenvolvimento de uma
plataforma global para interligar os esforços regionais, a fim
de facilitar a produção e o intercâmbio de boas práticas.
Em 2027: realização dum fórum a médio prazo, dentro e entre
regiões.
Em 2030: definição de objetivos e metas para o ensino
superior no futuro e os objetivos para 2050.
2032: organização da IV Conferência Mundial sobre o Ensino
Superior.
Como se pode observar, o calendário de metas e atividades
estabelecido ainda está em aberto e os intervenientes do ensino
superior das várias regiões e países trabalham para a sua
concretização, adaptando-as ao seu próprio contexto.
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O conhecimento das três conferências anteriores, permite ter uma
visão diacrônica e evolutiva do papel da UNESCO em organizar eventos
e publicar documentos para que o ensino superior seja melhor e
adaptado às necessidades da comunidade acadêmica global e à
evolução do mundo. Ao finalizar um estudo comparativo entre elas,
Didrikssonn-Takayanagui (2022) conclui que a organização:
Deixou de se apresentar como uma liderança mundial, tanto
do ponto de vista conceptual e metodológico como,
sobretudo, programático e político, para gerar compromissos
que os seus Estados membros possam assumir;
Deixou de ser um foco de erradicação de temas e
formulações centrais para o debate acadêmico e
institucional, na medida em que reduziu a riqueza teórica e
propositiva dos seus documentos e linhas de ação;
E passou a ser apenas mais uma instituição ao lado de
outros organismos multilaterais e transnacionais, bem como
de empresas com fins lucrativos e agências de
financiamento.
Para acompanhar o novo paradigma educativo e informacional é
imprescindível preparar os cidadãos para fazerem face aos novos
desafios individuais, profissionais e sociais, através da aquisição de
competências, habilidades e atitudes, num contexto em que
predominam as tecnologias em todas as áreas do cotidiano, aspecto
referido nos documentos analisados, e nas publicações emanadas por
outras organizações internacionais e nacionais e de especialistas.
Tendo em conta o objetivo deste trabalho, identificar e refletir
sobre as competências em informação dos professores do Colegiado de
Licenciatura em Geografia da Universidade do Estado da Bahia na sua
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prática docente, é imperativo considerar o Colóquio de Altos
Especialistas em Competência em Informação e Aprendizagem ao
Longo da Vida, ocorrido em 2005, na Biblioteca de Alexandria, que
orienta sobre o papel das tecnologias na sociedade e a necessidade da
aquisição de novas competências em informação. A Declaração de
Alexandria (IFLA; UNESCO, 2005), documento final do evento:
Atribui à competência em informação o estatuto de direito
humano básico no mundo digital, ao possibilitar aos indivíduos
em todas as circunstâncias da vida avaliar, usar e criar
informação de forma eficaz para atingir os seus objetivos
pessoais, sociais, ocupacionais e educacionais;
Considera que as competências em informação devem ser
consideradas em relação à educação, ao desenvolvimento
econômico e social dos países, à saúde e ao bem-estar e ao
envolvimento e à participação ativa na sociedade.
Define estratégias de ação propostas de atuação na
perspectiva regional e outras baseadas em eixos temáticos.
A declaração é de caráter generalista, teve repercussão em todo o
mundo, através de eventos e publicações similares, e contribuiu para
novas perspectivas de preparar os professores e formadores para ações
de ensino/aprendizagem, especialmente em competência em
informação, através de manuais, entre os se destacam:
Teacher training curricula for media and information literacy
(UNESCO, 2008) / Alfabetização midiática e informacional:
currículo para formação de professores (2013).
Media and information literacy: curriculum for teachers
(WILSON et al., 2011).
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Think critically, click wisely. Media & Information literacy
curriculum for educators and learners (GRIZZEL, 2021).
A este respeito, Shipman, Bannon e Nunes-Bufford (2015)
relacionam os hábitos de busca, recuperação e utilização de informação
dos professores em serviço com a sua formação inicial, afirmando assim
que os resultados da formação em competência em informação devem
ser persistentes, acompanhando os professores ao longo do seu
desempenho profissional.
Esta investigação refere-se especificamente às competências em
informação dos professores e suas contribuições para a possibilidade de
inovação na formação inicial dos professores de Licenciatura em
Geografia. Entretanto, tal competência sozinha não é capaz de
responder satisfatoriamente à formação inicial dos professores de
Geografia, que requer, além dela, competências digitais, competências
comunicacionais e midiáticas. Daí a adoção do termo utilizado de
competências em informação no plural.
Desde que surgiu com Zurkowski, em 1974, o conceito, definição e
terminologia de information literacy já foi revisada por renomados cientistas da
Ciência da Informação, como Bruce (1997); Breivik (1991, 1999); Chan-Wells e
Wells (1993); Kuhlthau (1987); American Library Association/American Association of
College and Libraries (1989, 2000, 2003, 2004, 2008, 2016); Willson et al. (2008),
UNESCO ( 2009, 2012); Alves (2016); Dudziak (2016); Beluzzo (2018); Vitorino e
Piantola (2019) e em estudos mais recentes, tendo sido adotadas
diferentes nomenclaturas, entre as quais alfabetização informacional,
literacia de informação, competência informacional, alfabetização
midiática e informacional etc. Nesta investigação, optamos pelo termo
competências em informação, por ser o mais apropriado aos objetivos e
abordagem desta pesquisa.
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Adota-se a teoria da complexidade como aporte teórico central e
como abordagem sistemática sobre os fenômenos que emergem do
campo empírico. Esse posicionamento teórico implica a consideração de
que toda organização ativa trabalha permanentemente na produção-de-
si, produzindo estados estacionários, que “só podem ser estabilizados
pela ação” (MORIN, 2016, p. 231), como os colegiados, que são
organizações ativas que geram e são geradas por ações. Na figura 1
representa-se a perspectiva do colegiado de acordo com a teoria da
complexidade referida.
Figura 1 – Estrutura do colegiado segundo Morin (2016)
Fonte: Elaborado pelos autores, a partir de Morin (2016)
Nessa perspectiva de que todo ser produz um si e para isso
desenvolve sua práxis organizacional para manter sua existência,
através de processos retroativos e recursivos, reorganizando a
desorganização provocada pela sua própria organização em suas inter-
relações entre suas partes, do todo com suas partes e entre esse
sistema e os demais sistemas, que compõem o ecossistema
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educacional, que constitui e o constitui em fluxos permanentes entre
circuitos que se formam, deformam e transformam incessantemente.
A produção-de-si é a produção de estados estacionários: “significa
que é o processo retroativo/recursivo que produz o sistema, e que o
produz sem interrupção, num recomeço ininterrupto que se confunde
com sua existência” (MORIN, 2016, p. 230). Quando o processo
retroativo falha o desequilíbrio termodinâmico cessa, o fluxo energético
se esgota e a organização não tem mais função para manter o sistema
que, assim, finda seu processo recursivo, entra em colapso e “morre”.
3 METODOLOGIA
A pesquisa é bibliográfica, documental e descritiva, com
abordagem qualitativa (HERNÁNDEZ-SAMPIEIRI et al., 2018),
adequada aos objetivos definidos, ao visar a imersão do pesquisador no
objeto de estudo, o aprofundamento dos seus conhecimentos e o
subsídio de futuras pesquisas. A coleta de fontes bibliográficas e
documentais efetuou-se no Portal de Periódicos da CAPES e na Base
de Dados em Ciência da Informação (BRAPCI). Elaborou-se o plano de
levantamento bibliográfico e documental, visando identificar e selecionar
a produção científica, através dos descritores “competências em
informação”, colegiado” e “docência”, em língua portuguesa, tendo-se
selecionado referencial teórico pertinente. Para obter informação sobre
as práticas docentes, aplicaram-se entrevistas semiestruturadas
(QUIVY; CAPENHOUDT, 2006) a 5 professores do Colegiado de
Licenciatura em Geografia (CLG) do DCH IV, elaboradas
especificamente para esta investigação, instrumento testado com
anterioridade, para aperfeiçoamento da objetividade e clareza do
conteúdo das perguntas, de modo a facilitar a sua compreensão aos
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entrevistados. Depois de lidas as respectivas contribuições, aplicou-se a
análise de conteúdo (BARDIN, 2016), sistematizando-se em unidades
de registro e classificando-as em unidades de sentido. Para manter o
anonimato dos entrevistados utilizou-se a simples numeração de 1 a 5.
Alguns dos resultados apresentam-se em quadros e interpretam-se, com
base em bibliografia pertinente, que permitem apresentar conclusões
oportunas.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise trechos das entrevistas indicam o isolamento dos
professores “em seus quadrados”, reconhecido por eles próprios.
Quanto ao colegiado, constata-se que as partes do todo têm autonomia
muito ampla, diluindo o trabalho sem retroação e recursão do todo sobre
elas. Essa autonomia, quase considerada como uma licenciosidade, é
sintoma do mal-estar nas relações interpessoais e funciona como fator
importante de impedimento das interações que orientam as decisões
conjuntas.
Esta situação influencia decisivamente a circulação e uso da
informação na formação inicial dos professores e em seu
aproveitamento estratégico para a adaptação às mudanças e a criação
de possibilidades de ações coletivas coerentes e coesas, que favoreçam
o colegiado na produção da inovação e em seus ensaios de
protagonismo na formação inicial dos professores de Geografia na
UNEB.
[...] é o problema assim, é que esse sentimento de coletividade
ele de fato, ele está sólido, consolidado no colegiado? Acho
que essa é uma questão para mim. Está consolidado? Não sei
eu ainda acho que tem muitos colegas que trabalham isolados,
é um meu, é uma percepção minha, trabalha muito isolado,
dialogam pouco, porque se você está dizendo “oh, que quero
no sentido coletivo” sim, mas se tem essa coletividade de fato?
SEÇÃO
Anais do V ERECIN N/NE
REBECIN, edição especial, p. 01-31, abr. 2024.
Ou ela, essa é uma coletividade institucional?
(ENTREVISTADO 4, 2022, p.17).
Esta situação influencia decisivamente a circulação e uso da
informação na formação inicial dos professores e em seu
aproveitamento estratégico para a adaptação às mudanças e a criação
de possibilidades de ações coletivas coerentes e coesas, que favoreçam
o colegiado na produção da inovação e em seus ensaios de
protagonismo na formação inicial dos professores de Geografia na
UNEB.
O mesmo entrevistado questiona a existência ou não de uma
coletividade em funcionamento no CLG e critica os seguintes aspectos:
o trabalho isolado do professor que alguns denominam de “carreira-
solo”; a comunicação ineficiente, precária; o planejamento fragmentado,
sem intercomunicação, sem trocas de experiências e compartilhamento
de leituras, atividades, projetos etc. A percepção deste docente é
partilhada por todos entrevistados. Para o entrevistado 1:
O quadro é capacitado […] eu ainda percebo ainda que nós
não temos... como dizer? A prática de trabalhar de forma
interdisciplinar ainda é cada um ali no seu quadrado, cada um
faz atividade, eu não sei que “cê” está fazendo, você não sabe
o que eu estou fazendo. [...] Nós temos um potencial muito
grande de formação dos professores, porque temos
praticamente todo o corpo docente de Geografia que tem um
doutorado, [...] Agora, como é que nós vamos utilizar esse
potencial é que eu vejo o desafio (ENTREVISTADO 1, 2022,
p.4, grifo nosso).
Assim, com “cada um ali no seu quadrado”, as potencialidades
profissionais dos professores de Licenciatura em Geografia não se
atualizam em atividades coletivas. Este entrevistado identifica que não
há conflitos entre os membros do colegiado, mas, na sua ausência,
identifica e existência de tensão nas reuniões quando afirma
SEÇÃO
Anais do V ERECIN N/NE
REBECIN, edição especial, p. 01-31, abr. 2024.
O entrevistado 3 aponta um fenômeno, compartilhado por outros
membros do colegiado, sobre os silêncios, a não nomeação dos
problemas, em nome da “boa convivência”, e acrescenta ainda que:
Então, eu vejo assim que um dos desafios, isso de certa forma
creio que atrapalha e interfere, se não atrapalha, mas pelo
menos interfere negativamente em alguns pontos no processo
de trabalho do campus e consequentemente isso chega até o
aluno e o aluno percebe isso, então eu vejo um desses
problemas (ENTREVISTADO 3, 2022, p. 2).
Este entrevistado identifica que não há conflitos entre os membros
do colegiado, mas, na sua ausência, identifica e existência de tensão
nas reuniões quando afirma:
[...] o colegiado tem um comportamento, eu não diria estranho,
mas ele tem um comportamento assim olha: é um dos poucos
colegiados que a gente não vê tanto conflito nas relações
interpessoais entre os seus membros, a gente não tem tanto
conflito. A meu ver, na minha avaliação esse pouco conflito que
existe não é porque existem disparidades, divergências, mas
porque as pessoas preferem engolir sapos do que expor as
ideias, expor os posicionamentos para não se indispor com o
colega e quando alguém o faz fica aquele clima de desconforto,
eu vejo lá (ENTREVISTADO 3, 2022, p. 2).
Este aspecto bloqueia o processo de trabalho e prejudica o
desenvolvimento da práxis organizacional do colegiado e, segundo o
entrevistado, afeta a formação inicial e o estudante. Para o entrevistado
5 (2022, p. 22):
Enquanto a gente fica nesse processo de pensar no colegiado
de forma individualizada, a gente não consegue caminhar e eu
acho que isso diz respeito a alguma coisa, que eu acho que é
muito importante: a gente precisa se despir um pouco das
nossas, dos nossos brios individuais, intelectuais, sabe?
(ENTREVISTADO 5, p. 22).
Deixar de pensar em si e passar a pensar no colegiado-para-si,
para dinamizar os processos na direção da formação inicial da qual é
responsável. Há falta de percepção de que o todo é maior que as partes
e a busca de valorização profissional individual, produz ações difusas
SEÇÃO
Anais do V ERECIN N/NE
REBECIN, edição especial, p. 01-31, abr. 2024.
em detrimento da ação global prejudicando a coerência e coesão do
grupo.
Isto gera o desperdício das competências em informação dos
docentes do referido colegiado porque influencia decisivamente a
circulação e uso da informação na formação inicial dos professores de
Geografia e em seu aproveitamento estratégico para a adaptação às
mudanças e a criação de possibilidades de ações coletivas coerentes e
coesas que favoreçam o CLG, na produção da inovação e em seus
ensaios de protagonismo na formação inicial dos professores de
Geografia na UNEB.
A falta de integração do planejamento é talvez a categoria mais
citada entre todos os entrevistados, entre os quais se sobressaem as
seguintes afirmações.
Se for uma coletividade institucional a comunicação existe,
frágil, com deficiências, com lacunas ela existe, mas tem
lacunas porque, por exemplo, os planejamentos poderiam ser
melhor integrados, planejamento de cada professor, se de fato
tivéssemos uma comunicação mais consolidada os
planejamentos poderiam estar integrados, então aquela
semana de planejamento que antecede o semestre, eu nunca
participei de uma semana para trocar... (ENTREVISTADO 4,
2022, p. 17).
Como esses componentes curriculares podem conversar entre
si numa proposta de planejamento integrada que isso possa
estar viabilizando a aprendizagem dos alunos? [...] esse é um
dos desafios não é, porque nós temos um universo muito
grande de professores que não por conta apenas do colegiado,
mas eu sinto uma necessidade de haver uma reunião de
planejamento, eu acho que para mim o planejamento é a base
para que a gente possa dialogar não é? (ENTREVISTADO 2,
2022, p. 2-3).
A inexistência de planejamento demonstra o quanto os professores
do CLG trabalham dispersos, sem uma orientação geral da instituição
que constituem, e desse modo, isto contribui para o aumento da entropia
do sistema em função do descompasso entre os serviços prestados pela
SEÇÃO
Anais do V ERECIN N/NE
REBECIN, edição especial, p. 01-31, abr. 2024.
instituição e o fluxo permanente das demandas contemporâneas. Sem
planejamento não há avaliação, sem avaliação não se produz
informações relevantes sobre a formação inicial dos professores e a
produção da neguentropia fica inviabilizada.
Sobre o trabalho isolado dos professores, as opiniões confirmam
que a heterogeneidade e a diversidade são benéficas para o colegiado
se houver coordenação retroativa e recursiva, ou seja, trabalho de
organização do sistema. É esta última que aproveita e restringe as
riquezas e as fraquezas da diversidade, organizando os professores de
modo estratégico para a produção-de-si do colegiado e aproveitamento
de suas competências em informação como potencialidades generativas
do sistema de formação inicial do professor nas licenciaturas.
Os resultados obtidos através das 5 entrevistas aos professores
Licenciatura em Geografia da UNEB sobre as características do modus
operandi do conjunto dos professores e do respectivo colegiado são
numerosos e diversos, a maioria alguns dos quais coincidentes. Os
entrevistados reconheceram os problemas que os afetam para facilitar a
compreensão dos temas e problemas que foram identificando ao longo
das entrevistas, tendo em conta as repetições, apresentam-se
sistematizados no seguinte quadro, que permite a sua visão geral.
SEÇÃO
Anais do V ERECIN N/NE
REBECIN, edição especial, p. 01-31, abr. 2024.
Quadro 1 - Problemas identificados pelos professores de L. Geografia da UNEB
Como professores Como membros do colegiado
Isolamento Funcionamento ineficiente
Circulação e uso da informação
deficientes
Autonomia muito ampla dos membros
Competências em informação
insuficientes
Mal-estar nas relações interpessoais.
Comunicação ineficiente e precária Falta de interações entre os membros
Pouco aproveitamento estratégico da
informação.
Decisões coletivas deficientes
Pouca adaptação às mudanças. Pouco aproveitamento estratégico da
informação.
Inexistência de troca de experiências Pouca adaptação às mudanças.
Inexistência de compartilhamento e
discussão de leituras.
Poucas possibilidades de ações
coletivas coerentes e coesas.
Inexistência de coerência e coesão do
grupo.
Pouca produção de inovação e de
estratégias comuns.
Participação reduzida em atividades e
projetos comuns.
Planejamento fragmentado
Existência de “silêncio” sobre os
problemas existentes.
Incapacidade de promover
potencialidades dos professores
Falsa “boa convivência” entre
professores.
Práxis organizacional deficiente
Preocupação de valorização profissional
individual, em detrimento da global
Falta de percepção do colegiado como
um todo e das suas potencialidades.
Dispersão das atividades de ensino e
pesquisa
Falta de coordenação e gestão ativas
em relação à dimensão pedagógica do
curso.
Fonte: Elaborado pelos autores, a partir de entrevistas aplicadas (2022)
Os antagonismos estão presentes e são reconhecidos pelos
professores do colegiado, sintetizadas no quadro 1. Os entrevistados,
além de serem conscientes dos problemas que identificaram, quer a
nível dos professores, quer a nível do colegiado, têm a noção exata da
maneira como ultrapassá-los, através de propostas que formam
assinalando ao longo das entrevistas. Suas potencialidades estão
presentes no quadro 2 e a interface no plano consciente pode gerar a
regeneração da práxis organizacional do colegiado num redemoinho de
ideias e ações que emergem desse movimento original quando cada um
SEÇÃO
Anais do V ERECIN N/NE
REBECIN, edição especial, p. 01-31, abr. 2024.
sai do seu quadrado e entra no giro coletivo e coeso que move a
existência da instituição referida produzindo a si mesma.
Fonte: Elaborado pelos autores, a partir de entrevistas aplicadas (2022)
Quadro 2 - Preocupações e proposta dos professores de L. Geografia da UNE
Como professores Como membros do colegiado
Preocupação com a formação básica
dos licenciandos em Geografia e com
a formação conceitual dos estudantes.
Planejamento solidário e comprometido
com o desenvolvimento curricular do L G.
Disposição para compartilhamento de
informações nas reuniões do
colegiado.
Adaptação às mudanças, através de ações
coletivas coerentes e coesas, que
favoreçam o colegiado e permitam a
inovação.
Corresponsabilização pela práxis
organizacional do colegiado.
Organização de cultura organizacional que
promova a corresponsabilização dos
professores na produção da práxis
organizacional do colegiado.
Preocupação com a situação
socioeconômica do estudante que
atrapalha o seu aprendizado.
Instituição de um sistema interno de
informação e comunicação no
Departamento de Ciências Humanas.
Atualização permanentemente nos
aspectos informacionais, tecnológicos
e científicos.
Reinvindicação de estrutura física e digital
para organizar, guardar e recuperar as
informações e conhecimentos produzidos.
Participação no planejamento das
atividades docentes do colegiado
Retroação da coordenação do colegiado
sobre os professores de modo efetivo e
dialógico
Participação na Associação de
Geógrafos do Brasil (AGB).
Equilíbrio da pauta das reuniões do
colegiado entre as demandas burocráticas
e as demandas pedagógicas do curso.
Ampliação a construção de redes para
ampliar as possibilidades de interação
interinstitucional.
Abordagem sistêmica e interdisciplinar dos
problemas identificados no colegiado.
Participação na ativação do laboratório
de ensino.
Iniciativas para consolidação e
desenvolvimento de inter-relações
produtivas entre a Educação Básica e a
Universidade, através do Estágio
Supervisionado
Utilização sistemática do repositório da
UNEB, Saber Aberto.
Debate curricular no Curso de Licenciatura
em Geografia para superação de práticas
de formação pautadas em um currículo
cartesiano.
Valorização da dimensão estética do
ensino e da aprendizagem como
dimensão sensível para a produção
criativa da inovação.
Diálogos entre as práticas de ensino e os
estágios supervisionados do Curso de
Licenciatura em Geografia
SEÇÃO
Anais do V ERECIN N/NE
REBECIN, edição especial, p. 01-31, abr. 2024.
O conteúdo dos quadros apresenta os temas que representam as
práticas individuais dos professores e as coletivas do Colegiado de
Licenciatura em Geografia do DCH IV, que os entrevistados reconhecem
serrem negativas. No entanto, a reflexão sobre os mesmos temas
culmina com a apresentação de propostas para corrigir e potencializar a
estado atual das práticas docentes, em favor da melhoria da qualidade
do ensino-aprendizagem no curso.
5 CONCLUSÃO
A investigação conseguiu verificar que o tema escolhido, as
competências em informação dos professores dos colegiados de
Licenciatura em Geografia da Universidade do Estado da Bahia na sua
prática docente, é de interesse para o conjunto dos docentes
universitários e para toda a comunidade acadêmica, embora seja um
aspecto relativamente pouco abordado na prática docente e na literatura
científica.
A entrevista semiestruturada, elaborada especialmente para atingir
o objetivo delineado, mostrou ser o instrumento de coleta de dados
adequado para obter informações e opiniões dos professores
entrevistados, e que reconheceram a necessidade de abordar novos
temas pedagógico-didáticos no ensino superior para alcançar um
ensino/aprendizagem de qualidade para preparar futuros professores.
Por outro lado, a aplicação da análise de conteúdo aos dados
informativos que resultam das suas práticas docentes dos entrevistados,
permitiu identificar e refletir sobre as suas competências em informação,
suas necessidades de aquisição de novas competências, bem como
verificar o funcionamento dos procedimentos do seu colegiado e as
relações interpessoais entre seus membros.
SEÇÃO
Anais do V ERECIN N/NE
REBECIN, edição especial, p. 01-31, abr. 2024.
As atividades docentes no Colegiado de Licenciatura em Geografia
produzem isolamento destas atividades que, sem o estabelecimento de
diálogos e comunicação, por ausência de retroação do colegiado
sobre/com os professores, terminam favorecendo a dispersão de tais
atividades e o aumento da entropia do sistema, prejudicando seus
processos recursivos e tendo desdobramentos indesejáveis na formação
inicial dos professores de Geografia.
Além disso, a prática docente dos mesmos docentes revela a
dificuldade de interação entre os professores e seus efeitos no
planejamento semestral das atividades docentes, repercutindo em suas
competências em informação, desperdiçadas em todo o processo de
formação inicial dos professores nas licenciaturas.
Com uma relação precária entre o colegiado do curso, considerado
como um todo, e seus professores, suas partes, a práxis organizacional
do colegiado não aproveita estrategicamente as potencialidades e os
antagonismos e reduz sua eficiência.
Urge uma análise dos resultados alcançados nestas entrevistas e
a elaboração de uma política comunicativa e informativa, aliada aos
objetivos pedagógico-didáticos do curso, com estratégias bem definidas
para evitar desperdício de potencialidades, aumentar sua eficiência e
obter práticas individuais e colegiadas positivas.
Conclui-se que o estudo apresentado contribua para estimular a
reflexão e a organização de formação dos docentes do ensino superior,
particularmente os que buscam facilitar e promover melhorias no
ensino/aprendizagem dos seus estudantes, no que respeita à
competência em informação, através de estratégias e ferramentas
adaptadas para atingir esses objetivos.
SEÇÃO
Anais do V ERECIN N/NE
REBECIN, edição especial, p. 01-31, abr. 2024.
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