Technological Interactions and Teaching Strategies in Time of the Covid-19 Pandemic
Interacciones tecnológicas y estrategias de enseñanza en tiempos de pandemia Covid-19
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Brasil
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Brasil
Email: claudia.pecegueiro@ufma.br ORCID: orcid.org/0000-0002-8670-330X
PECEGUEIRO, C. M. P. A., MARINHO, R. R. Interações tecnológicas e estratégias ensino em tempos de pandemia de Covid-19. REBECIN, São Paulo, v. 9, número especial, 2022. DOI: 10.24208/rebecin.v9inúmero especial.314
Apresenta o processo de materialização do trabalho docente, a partir de suas práticas e o uso de tecnologias bem como didáticas adotadas em sala de aula do Curso de Graduação em Biblioteconomia da UFMA. Explora o modelo Ensino Remoto Emergencial - ERE que disciplina a continuidade e funcionamento do ensino superior brasileiro durante a pandemia de Covid-19. Oferece um exercício reflexivo, trazendo como objetivo geral conhecer e compreender os efeitos das interações remotas no processo de ensino e aprendizagem, e sobretudo nas práticas ordinárias da sala de aula. Estabelece como objetivos específicos: a) mapear a concepção dos professores do Curso de Biblioteconomia da UFMA sobre o Ensino Remoto Emergencial; b) identificar os sistemas, equipamentos, conectividade e ferramentas utilizadas para explorar conteúdos e atividades nas aulas remotas; c) elencar os desafios e oportunidades encontrados oportunamente na modalidade ERE pelos professores com o ERE. Trata-se de pesquisa descritiva de cunho qualitativo, utilizando a plataforma Google Forms, como instrumento de coleta de dados A partir da colaboração dos respondentes, sem uma ênfase determinante, conclui que a ambiência tecnológica disponível de forma incipiente produz insatisfação e dificuldades no processo ensino aprendizagem.
It presents the process of materialization of the teaching work, from its practices and the use of technologies as well as didactics adopted in the classroom of the Graduate Course in Library Science at UFMA. Explores the Emergency Remote Teaching – ERT model that disciplines the continuity and functioning of Brazilian higher education during the Covid- 19 pandemic. It offers a reflective exercise to know and understand the effects of remote interactions in the teaching and learning process, and especially in classroom practices. Its objectives are: a) to map the conception of the professors of the Library Science Course at UFMA on Emergency Remote Teaching; b) identify the systems, equipment, connectivity and tools used to explore content and activities in remote classes; c) list the challenges and opportunities opportunely found in the ERT modality by the teachers with the ERT. This is a descriptive qualitative
research, using the Google Forms platform, as a data collection instrument. Based on the collaboration of respondents, without a decisive emphasis, it can be concluded that the technological environment available in an incipient way produces dissatisfaction and difficulties in the teaching-learning process.
Presenta el proceso de materialización del trabajo docente, a partir de sus prácticas y el uso de tecnologías y didácticas adoptadas en el aula del Curso de Graduación en Biblioteconomía de la UFMA. Explora el modelo de Enseñanza Remota de Emergencia - ERE que disciplina la continuidad y el funcionamiento de la educación superior brasileña durante la pandemia de Covid-19. Ofrece un ejercicio reflexivo, con el objetivo general de conocer y comprender los efectos de las interacciones a distancia en el proceso de enseñanza y aprendizaje, y especialmente en las prácticas ordinarias de aula. Establece como objetivos específicos: a) mapear la concepción de los profesores del Curso de Biblioteconomía de la UFMA sobre la Enseñanza a Distancia en Emergencias; b) identificar los sistemas, equipos, conectividad y herramientas que se utilizan para explorar contenidos y actividades en las clases a distancia; c) enumerar los retos y oportunidades encontrados oportunamente en la modalidad ERE por los docentes con la ERE. Se trata de una investigación cualitativa descriptiva, utilizando la plataforma Google Forms, como instrumento de recolección de datos. A partir en la colaboración de los encuestados, sin un énfasis determinante, se concluye que el entorno tecnológico disponible de forma incipiente produce insatisfacción y dificultades en el proceso de enseñanza-aprendizaje.
A pandemia causada pela Covid-19, em 2020, trouxe consigo novos padrões de comportamento a exemplo do distanciamento social pela
preservação da vida. Nesse contexto, as Instituições de Ensino Superior (IES) públicas optaram por migrar suas atividades acadêmicas e administrativas presenciais para o formato on-line. Desta feita, foi uma realidade nacional a substituição de aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia como forma de flexibilizar o ensino, permitindo atividades de forma síncrona e assíncrona1. A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) situada neste contexto, e sensível à problematização pandêmica, regulamentou pela Portaria GR n° 241/2020-MR a atuação de professores no Ensino Remoto Emergencial (ER) implementado no Brasil enquanto política de isolamento social de enfrentamento da pandemia de Covid-19, versando sobre a organização, o planejamento e a oferta do ERE e/ou Híbrido. Ou seja, deu-se o início da modalidade ERE como recurso utilizado pela UFMA para dar continuidade às suas ações de ensino.
De modo real, o ensino e a formação superior tido na modalidade totalmente presencial e de materialidades concretas até então passa, devido aos acontecimentos da pandemia Covid-19, a ser subjugado à ordem digital e da Internet sob os dispositivos midiáticos, impondo-nos uma relação ambivalente e de simetrias sócias e cognitivas em trilhas das plataformas e dos aplicativos. Esta nova face tecnológica que vai além da produção e distribuição da informação, impõe principalmente aos docentes exercícios reflexivos para conhecer e compreender os efeitos das interações remotas no processo de ensino e aprendizagem, e sobretudo nas práticas ordinárias da sala de aula.
1 Portaria 343 de 17 de maio de 2020 “Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19”. (BRASIL, 2020).
A partir desse cenário, surge os seguintes questionamentos: como os professores, do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão, estão mediando os conteúdos de suas disciplinas? Quais condições de possibilidades para assegurar suas práticas didático- pedagógica no contexto do ERE, no decorrer da situação de pandemia?
Tal temática é de uma complexidade significativa, de modo que nesta comunicação traz-se um recorte, síntese do estudo, sobre processo de materialização do trabalho docente a partir das práticas e o uso de tecnologias em sala de aula, do Curso de Graduação em Biblioteconomia da UFMA em tempos de pandemia. Traça como objetivo geral conhecer e compreender os efeitos das interações remotas no processo de ensino e aprendizagem, e sobretudo nas práticas ordinárias da sala de aula priorizando como objetivos específicos: a) mapear a concepção dos professores do Curso de Biblioteconomia da UFMA sobre o Ensino Remoto Emergencial; b) identificar os sistemas, equipamentos, conectividade e ferramentas utilizadas para explorar conteúdos e atividades nas aulas remotas; c) elencar os desafios e oportunidades encontrados oportunamente pelos professores na modalidade ERE. Apresentada em linhas gerais a proposta da pesquisa, o texto relaciona além da parte introdutória, uma breve revisão de literatura seguida pela seção que trata da metodologia, análises e resultados dos dados inventariados, e por fim as considerações finais acerca deste debate.
O itinerário desta pesquisa sedimenta-se em pontos condutores para compreensão da problemática em questão, ou seja, a transição do modo de ensino inteiramente presencial para o ensino remoto emergencial, seguindo assim uma tendência imposta pela modernidade,
em que todos os serviços e processos de produção incorporam os recursos das tecnologias, especialmente das plataformas digitais.
Essas transformações estabelecidas a partir da sociedade digital, que acompanhadas de inovações do novo modus operandi ocasionam muitos desdobramentos, e dentre estes se tornam malhas que enredam as atividades de ensino e formação superior. Nesse sentido, as implicações vão desde a regulamentação do trabalho docente, a segurança e os direitos autorais. Mas, o grande desafio, e de modo muito caro para os docentes, especialmente no campo da Biblioteconomia é o de mobilizar uma variedade de saberes, reflexividade (NÓBREGA- THERRIEN et al., 2015), e o domínio de (novas) tecnologias para uma organização escolar que possibilite um trabalho interativo para uma aprendizagem profícua, pois como afirma Tardif (2014, p. 181), no seu texto Saberes Docentes e Formação Profissional “O ensino ocorre num contexto constituído de múltiplas interações, as quais exercem sobre os professores condicionamentos diversos”.
Diante desse discurso de gramatica digital, que registra com ênfase o compartilhamento, a colaboração, a euforia mercadológica para tratar de outros lugares destinados para ensinar e aprender, há o das redes e plataformas. Para tal, busca-se aporte, os quais estão regulados pelos princípios teóricos desenvolvidos por Maurice Tardif (2014, p. 17) que trata dos saberes dos professores em seu trabalho dizendo que “ [...]embora os professores utilizem diferentes saberes, essa utilização se dá em função do seu trabalho e das situações, condicionamentos e recursos ligados a esse trabalho”, e por significados que permitem a aprendizagem a qualquer hora e em qualquer lugar que convergem para a aprendizagem ativa, colaborativa e autônoma a partir da compreensão de Jose Moran (2005) sobre a aprendizagem móvel do professor como
um mediador ancorado no uso pedagógico das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação.
Alia-se ao quadro teórico o pensamento de Michel Foucault (2019, 2020) sobre a construção de verdades de uma sociedade em que traz à tona os acontecimentos e espaços em nível macro e micro das instituições, e suas determinações na elaboração de práticas e suas ambiguidades. Também, uma leitura que fundamenta a compreensão dos dados e informações levantados junto aos respondentes está apresentada em Lilian Bacich, Adolfo Tanzi Neto, Fernando de Mello Trevisan (2015), no texto Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação. Os autores em que antecipadamente ao momento pandêmico, já vinham discutindo a natureza do ensino híbrido e abordagem pedagógica que combina atividades presenciais e aquelas realizadas por meio das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs).
Como procedimento metodológico foi elaborado e encaminhado aos docentes, vinculados ao Departamento de Biblioteconomia da UFMA, um questionário online, com questões abertas e de múltipla escolha, desenvolvido na plataforma Google Forms, cuja divulgação ocorreu por e-mail e através do WhatsApp. A partir da análise e discussão dos dados, desenvolveu-se a pesquisa descritiva com abordagem quanti-qualitativa possibilitando captar, a partir de uma aporte estatístico, as experiências do corpo docente do Curso de Graduação em Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão quanto a sua inserção de forma abrupta na modalidade do Ensino Remoto Emergencial entre o virtual e
as plataformas digitais, e ainda tendo que dominar e se familiarizar com as inesgotáveis manobras tecnológicas e didático-metodológicas, as quais possam assegurar as condições de aquisição e produção de saberes, que fundamentam o processo de ensino aprendizagem.
Pode-se identificar que dentre o total de 19 docentes atualmente em exercício no Departamento de Biblioteconomia, 12 (doze) foram os respondentes que contribuíram com a pesquisa. Buscou-se traçar o perfil do respondente de forma a compreender eventual relação entre o perfil e práticas metodológicas no ERE.
Evidenciou-se que a idade da maioria dos respondentes é superior a 55 anos (42%), seguido de 33% de 46 a 54 anos, e por fim, com menos de 45 anos os 25% restante dos entrevistados. A titulação, na maioria doutorado (10), circula pelas áreas da Ciência da Informação (3), Educação (2), Informação e Comunicação em plataformas digitais (1), Sociologia (1), 3 não especificaram e os 2 restantes estão em processo de doutoramento. No quesito categoria funcional, professor associado somado a professor adjunto professor adjunto perfazem 84% dos entrevistados; os demais se distribuem entre professor titular e assistente com 8% cada. Fechando o tópico de perfil questionou-se sobre o tempo de exercício docente, verificando-se o tempo máximo de 32 anos e o mínimo de 4 anos, demonstrando um quadro de professores com bastante experiência docente.
Ao serem indagados sobre a concepção de ERE, a respostas versaram em: alternativa, interessante, motivadora, solução temporária,
método pedagógico. Entretanto, houve um único respondente que qualificou “Pouco atrativo para alunos e professores, cansativo e pouco produtivo”. As respostas, ao nosso ver, demonstram o quão este desafio imposto aos professores, embora produzindo acontecimento e fatos inesperado, foi assumido por estes sujeitos de modo positivo e responsável.
As metodologias utilizadas no ERE pelos professores, em sua grande maioria, foram distribuídas nas aulas síncronas e assíncronas através do Google meet, Google class, youtube, vídeos, slides, debates de textos, quis, kahoot, ensaios virtuais. Foi dominante o uso de metodologias ativas, o que, segundo os respondentes, já se constituía uma prática anterior à pandemia. Por se tratar de disciplinas diversas, as avaliações efetuadas também foram diversificadas como demonstra um dos respondentes. Realmente, denota-se que o ensino e o trabalho docente neste período se tornaram literalmente plantarfomizados. Nesse sentido, a instituição ofereceu de forma intensa treinamentos para garantir domínio técnico dessa nova ambiência que, de certo modo, se pode entender como uma obediência à tecnologia.
Dentre as oportunidades e desafios elencados pelos docentes, foram citados: adaptação, motivação, acompanhamento das atividades síncronas e assíncronas, frieza da tela, distanciamento, adoecimentos de alunos e professores, utilização de equipamentos. Enquanto em se tratando de oportunidades, direcionam-se para motivação em novas aprendizagens, explicitado na fala de Rodrigues e Santos (2020) “O contexto de pandemia que nos impôs desenvolver o ensino remoto provocou a necessidade de estudar, buscar conhecimento para inovar e ressignificar o fazer docente por meio das tecnologias midiáticas”.
Claramente, é demonstrado o quanto o estado pandêmico interfere na rotina e nos fazeres docentes, ao mesmo tempo retrata o grau de obediência à nova modalidade de ensino e aos laços tecnológicos. Outro aspecto é com relação à resposta ao processo de aprendizagem dos alunos, revelando-se preocupante e desolador, já que a maioria dos docentes responderam que não ou em parte e isso, segundo eles a dificuldade está relacionada a problemas emocionais causado pela pandemia como perdas de entes queridos, problemas estruturais de falta de equipamento e queda constante da internet, além da adaptação de forma abrupta ao Ensino Remoto Emergencial.
Quanto à infraestrutura, 50% dos respondentes consideraram insuficiente, o restante se distribui entre 42% como regular e 8% como suficiente. Dessa forma, 75% dos professores disseram ter feito altos investimentos pessoais para atuarem no ERE e os 25% restantes disseram ter feito médio investimento. Este quadro ilustra as condições socioeconômicas dos sujeitos envolvidos, pois os poucos benefícios e muitas dificuldades são faces de uma mesma moeda, que envolvem desde a fragilidade do sinal de transmissão até o acesso a equipamentos tecnológicos.
Tomando a realidade demonstrada nos estudos sobre o período pandêmico, estes retratam verdades explicita e sentidas por todos segmentos da sociedade. Certamente, são nervuras expostas, que nos fazem aprender com os sucessos e superações, mas também
aprendemos com o fracasso. Para a situação do ensino ERE, podemos trazer o pensamento de José Moran (2015, p.3) ao afirmar que:
Uma escola imperfeita é a expressão de uma sociedade também imperfeita, híbrida, contraditória. Muitos gestores, docentes e alunos são “híbridos”, no sentido de contraditórios, pela formação desbalanceada (mais competências cognitivas que socioemocionais) e pelas dificuldades em saber conviver e aprender juntos.
O estudo em pauta logrou êxito quando conseguimos traçar os efeitos das interações remotas nas práticas ordinárias de sala de aula. Constatamos uma tendência positiva dos professores do Curso de Biblioteconomia da UFMA sobre o ERE; as metodologias ativas, que já eram aplicadas antes da pandemia, foram dominantes nesse período com uso de plataformas digitais; embora o ERE tenha trazido oportunidades, trouxe também desafios. Por fim contatamos que os desafios ora vividos irão contribuir no processo de construção e reconstrução do professor, e que o ensino remoto tende a incorporar-se ao meio acadêmico uma vez que as tecnologias digitais, quando bem utilizadas potencializam o ensino aprendizagem.
BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. M. (Org.). Ensino
BRASIL. Ministério da Educação. Gabinete do Ministro. Portaria nº 343, de 17 de março de 2020. Dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de
pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19. Diário Oficial da União, Brasília, DF, seção 1, p. 39. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-343-de-17-de-marco-de- 2020-248564376. Acesso em: 10 out. 2021.
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FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 10. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2019.
FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
MORAN, J. M. As múltiplas formas de aprender. Atividades & Experiências. jul. 2005. p. 11-13. Disponível em: http://ucbweb.castelobranco.br/webcaf/arquivos/23855/6910/. Acesso em: 10 out. 2021.
NÓBREGA-THERRIEN, S. M.; MENEZES, E. A. de O.; THERRIEN, J. A
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RODRIGUES, J. M. C.; SANTOS, P. M. G. dos. (Orgs.). Reflexões e
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 17. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.